Gosto de ti.
Gosto de ti pateta, a resmungar com os bróculos, esse teu vício por Simpsons, com o cabelo sempre a despentear-se e umas quantas rugas muito vincadas na testa.
Gosto de ti quando te abraças ao Simba de peluche que te trouxe da Disneyland. Gosto de ti porque me deixaste ficar com a Nala. Gosto quando me deixas comer o teu último donut, ou quando partilhas comigo uma chiclet de mentol. Gosto de te ouvir falar do futuro, de como gostavas que fosse a tua casa e dos nomes que queres dar aos teus, quem sabe aos nossos, filhos. Julieta. Simão.
Gosto do teu perfume, que me fica em todas as roupas e se mistura com o meu. Gosto que quando nos chateámos, tu faltas às aulas, para vires ter comigo e pedir desculpa, ambos de olhos vermelhos, abraçados em frente ao porteiro da minha escola. Gosto de te ver tirar 20 a geometria, e a desenho, e de notar esse brilho da invencibilidade no teu rosto.
Não gosto quando choras. Não gosto quando te calas. Não gosto quando ralhas comigo e me dizes que eu exagero, sempre. Mas gosto de te abraçar, quando não sei mais o que dizer, e gosto que me apertes com força e me dês beijinhos no topo da cabeça. Gosto que esses beijinhos tenham o poder de curar todos os males do mundo.
Gosto de ti, mas há dias em que me esqueço disso. Gosto que mo relembres.
Gosto de imaginar-te a ti ao meu lado, qual clássico da Disney que vi em excesso na infância, felizes para sempre. Sei que não vai ser fácil - há alturas em que é tão, tão difícil - mas gosto de te desvendar um pouco mais a cada dia que passa, e já que o futuro não passa de retalhos de momentos presentes, acho que vamos ficar bem. E gosto de, à noite, fazer de conta que acredito em Deus para poder rezar e agradecer a tua entrada na minha vida.
Gosto de ti. E, sabe-se lá como, tu também gostas de mim.